Opinião
Ao longe, te sinto
Por Marcelo Oxley
Empresário e jornalista
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Te vejo triste e irreconhecível. Com sentimento apagado, sei que algo lhe falta, aliás, quem eles pensam que são? Te fazem sofrer diariamente, por ganância, política, status. Te apunhalam sem dó. Na maior cara de pau e covardia, no amanhecer, entardecer, anoitecer.
Pelotas dos Bra-Péis, do Café Aquários, do Calçadão, do Laranjal e das recorrentes reclamações de moradores por seus bairros sucateados, por incompetentes administrativos. É o que mais leio. É o que mais escutamos!
Alguém tem notícias da ponte do Laranjal para lá? Ouço murmúrios de abandono, esquecimento e altas taxas. Todavia, também vejo seus moradores, impetuosos nas redes sociais, votarem sempre nos mesmos, por não acreditarem que "eles" sempre puxarão a brasa para o seu assado. Ou você ainda acredita que um vereador enraizado no Fragata, como exemplo, olhará para o Barro Duro? Por favor, o texto deve ter uma conotação séria até o seu final. Não me faça rir.
Te vejo ao longe, Pelotas, banhada em dívidas. Sim, os números para 2024 não são nada bons, mas não se assuste, a "tragédia monetária" ficará pior: temos mais um ano pela frente, para nossas atrapalhadas e desdéns.
Pelotas, sinônimo da mulher bonita e dos doces, mas que não conseguiu atrair o governador do seu Estado para sua maior feira. Minimizando o que é nosso, deixando-nos mais carentes de carinho e atenção. Logo ele que se diz tão atento ao seu Estado, porém desatento à sua cidade natal.
Princesa do Sul de exuberância única no ensino. Ah sim, somos detentores de universidades e cursos profissionalizantes para todos os lados, mas perdemos nossa mão de obra em questão de segundos. Por ora, não temos futuro para quem se forma. Não temos incentivo, de uma Prefeitura para quem queira empreender. Na mesma estrada, torta, temos um dos maiores custos que uma praça de pedágio já viu no País. Temos um governador que não ajuda no desenvolvimento, que não nos ajuda a desenvolvermos. Lembram quando escrevi sobre "brasa para o seu assado"? Pois bem…
Saudades dos torneios do Praia 7. Ele foi destruído para dar vez a uma Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI). Quanta ilusão! Lembranças dos nossos cinemas; o Capitólio, um dos mais badalados da cidade, deu vez a um estacionamento. Outros, para lojas e igrejas.
Pelotas dos famosos Campeonatos Citadinos de Futebol de Salão: tínhamos tantos times que gozávamos de contratações de luxo. Ginásios lotados e jogos quentes. Pelotas do Citadino de Futebol de Campo: E.C.P, G.E.B e Farroupilha agitavam os pelotenses fanáticos por futebol. Não podemos desperdiçar tanto tempo sem Bra-Pel.
Pelotas de Kleiton e Kledir, Joca Martins, do capitão da Seleção, Emerson, Taison, Daniel Carvalho, Michel Bastos, Glória Menezes, Juliano Cazarré. Pelotas do jornalista assassinado Tim Lopes. Pelotas de tantos cidadãos capazes e de tantos outros incapacitados pelas condições que são submetidos.
Minha Pelotas do Sete de Abril, Guarany e de prédios históricos lindíssimos. Pelotas das charqueadas, dos trailers de lanches. Terra das praças dos "enforcados" e dos "macacos". Pelotas de áreas próprias para banho ao lado de áreas impróprias. Como entender?
Pelotas, antiga cidade noturna: Rua XV, Bailão Estrela Gaúcha, Satolep, Luna, Samba e Seresta, Tulha, Ego's Bar, Palatium, Vira Volta, Bar da Beth, Pretexto e Cais Entre Nós, ditavam o ritmo com a fama que tínhamos do melhor carnaval de salão do Brasil. Quem não se recorda dos bailes do Brilhante, Diamantinos, Caixeiral e do divertido e famoso Gala Gay? Famosos viajavam quilômetros para participarem.
Pelotas da nostalgia, do futuro incerto e do descaso. Te sinto deprimida, minha cidade maravilhosa.
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